Trauma torácico por arma branca: complicações clínicas

Isadora Silveira Marques Pereira, Giovana Puntel, Laísa Xavier Schuh

Resumo


Introdução: São diversas as armas ou instrumentos utilizados nos processos de violência, sendo as agressões físicas com arma branca o modo reportado mais violento do crime. Designa-se arma branca um objeto que possa ser utilizado agressivamente, por defesa ou ataque, mas cuja utilização normal é outra, geralmente para trabalho. A entrada de sujeitos com ferimentos penetrantes por arma branca em setores de emergência é abrasiva e demanda dos profissionais grande conhecimento para um atendimento rápido, efetivo e de qualidade, com garantia de prevenção a complicações. Objetivo: Descrever as complicações clínicas as quais indivíduos submetidos a traumas torácicos perfurantes são expostos. Método: Revisão de literatura especializada da base de dados LILACS, utilizando-se do método PRISMA para seleção dos artigos, com uso do descritor “trauma” combinado com a expressão “arma branca”, aplicando margem de tempo para publicação de 10 anos. Os critérios de inclusão aplicados foram a disponibilidade em português, inglês ou espanhol, o ano de publicação e a abordagem de terapêutica aplicada a ferimentos penetrantes por arma branca na região torácica. Foram excluídos estudos que relatavam o traumatismo que fugissem ao tórax, bem como os de publicação duplicada na base e excedentes ao tempo retrospectivo da pesquisa. Resultados: A associação do trauma perfurante torácico com complicações graves é subestimada, dada a maior incidência de trauma isolado, com lesões de tamanho entre um e quatro centímetros. O resultado de menor gravidade sistêmica é a formação de hemotórax e pneumotórax, que surgem simultaneamente em muitos casos. Ao avaliar lesões torácicas específicas, observa-se que os pulmões são os órgãos mais acometidos, com predomínio do pulmão esquerdo, e em relação aos ferimentos cardíacos, as câmaras mais relatadas são os ventrículos direito e esquerdo, com o ventrículo direito mais acometido dada sua localização anterior. As lesões vasculares recebem atenção especial pela mortalidade atribuída, sendo fatais e comprovando a gravidade do trauma de grandes vasos. A incidência de lesão diafragmática tóraco-abdominal associa-se com o aparecimento de hérnia diafragmática, com risco potencial de estrangulamento e mortalidade. O trauma causado por lesões penetrantes pode levar a uma hemorragia interna grave, sendo a reposição volêmica a forma mais relevante na probabilidade de sobrevida a ser considerada. Outra complicação é a presença de traumatismo raquimedular, que compreende as lesões dos componentes da coluna vertebral, podendo existir desde fratura simples sem déficit neurológico até casos de lesão neurológica grave e permanente nos quadros de ruptura medular. Os indivíduos submetidos a procedimentos cirúrgicos por múltiplas perfurações ou elevada gravidade recebem encaminhamento para a unidade de terapia intensiva, com exposição a maior tempo de hospitalização, aumentando a vulnerabilidade a complicações derivadas. Conclusão: Armas brancas têm elevada significância epidemiológica, havendo necessidade de rápido reconhecimento das lesões no atendimento emergencial, devendo-se conhecer a fisiopatologia sistêmica. Um exame físico cuidadoso e a repetição deste é a maneira mais simples de diagnóstico rápido de complicações. Há ainda a necessidade de intervenções que vão além da esfera da saúde, sendo a reeducação dos indivíduos um fator a ser considerado para evitar conflitos que culminem em agressões físicas.


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