DO MITO DO AMOR MATERNO À CRUELDADE REAL: ASPECTOS PSICOLÓGICOS E SOCIAIS DE MÃES FILICIDAS

Maria Luiza Pozzobon Costa, Aléxia da Costa Teixeira, Rodrigo Brito Fellin

Resumo


Em meio a incontáveis tragédias veiculadas na mídia, poucas ganham tanta notoriedade quanto mães que assassinam os próprios filhos. Nominado filicídio, este é um ato deliberado que, ainda hoje, não possui especificação jurídica. No Brasil, fatos recentes de mães homicidas acendem discussões acerca de causalidades e penalidades para acontecimentos desta natureza. A fim de identificar os principais fatores colaborativos à ocorrência do filicídio e se existem pontos convergentes e usuais nesta prática, realizou-se uma revisão bibliográfica baseada em reportagens jornalísticas e artigos científicos da Psicologia, da Psiquiatria e do Direito. Compreende-se que o crime pode ocorrer por variadas motivações, dentre elas a altruísta, quando a mãe planeja suicídio e acredita que os filhos ficarão mais protegidos “com” ela; a psicótica, quando crê que os descendentes são perigosos ou que algo os persegue; a acidental, gerada por punição física; por filhos indesejados e como vingança conjugal/retaliação. Em relação ao ato, considera-se comum o uso de objetos como facas, a presença de extrema agressividade e a falta de indícios de arrependimento. Também se deve considerar o histórico intrafamiliar de violência na infância e vida conjugal, assim como o baixo grau de instrução de mães filicidas. Salienta-se que este é um fenômeno complexo tanto sob a ótica da saúde mental quanto da justiça, uma vez que divergências conceituais e comoção popular podem influenciar nas avaliações técnicas de cada área. É necessária, portanto, a superação do tabu em debater sobre a temática para possibilitar uma eventual prevenção e o adequado manejo destas situações.

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