BULLYING ENTRE ESCOLARES DE SANTA CRUZ DO SUL - RS: UM ESTUDO DESCRITIVO-EXPLORATÓRIO

Heloisa Elesbão, Sandra Mara Mayer

Resumo


Resumo: Nos dias atuais questões referentes à violência escolar, comportamento antissocial e agressividade estão sendo alvo de debates, tendo como característica o aparecimento principalmente entre os jovens. Quando está violência ocorre de maneira sistemática e repetitiva ela recebe a denominação de bullying. Um termo de origem inglesa, que se refere a atos e atitudes agressivas, que forem executadas de maneira intencional e repetitiva. Existem três formas de envolvimento com o bullying, o papel do autor, da vítima e testemunha. O autor é caracterizado como sendo a pessoa que executa o ato de deboche ou humilhação, já a vítima é quem sofre com os atos violentos e a testemunha não tem envolvimento direto com as agressões, porém é quem visualiza o fato, servindo então de testemunha. O objetivo deste estudo foi verificar se os escolares de Santa Cruz do Sul- RS já sofreram algum tipo de violência na escola; identificar as principais formas de agressões e o perfil do agressor; verificar se as vítimas costumam contar aos pais sobre as agressões sofridas na escola. Através dos resultados obtidos constatou-se que 34,86% dos alunos que participaram da pesquisa já sofreram algum tipo de agressão na escola. Sendo que as principais formas de agressão relatadas foram “Me disseram nomes feios. Disseram coisas de mim e/ou do meu corpo”. Precisamos refletir que a violência escolar é um fenômeno perigoso, ainda mais quando se trata de uma violência repetitiva, denominada bullying. Esse fenômeno precisa ser combatido, mas para isso é necessário que toda a comunidade escolar caminhe junto, com o intuito de construir um ambiente saudável, onde todos os indivíduos sejam respeitados, fazendo com que a educação atue na busca da sociabilização.

 

1- INTRODUÇÃO

 

 Nos dias atuais questões referentes à violência escolar, comportamento antissocial e agressividade estão sendo alvo de debates, tendo como característica o aparecimento principalmente entre os jovens. Com o fato de que a sociedade cada dia se torna mais agressiva, têm se então um reflexo negativo nas escolas, por conta disso é necessário lembrar que a violência merece atenção, pois representa um problema de saúde pública. Precisamos ter em mente que a agressão não se restringe somente ao caráter físico, mas também a questões psicológicas e morais do agredido (FANTE, 2005). Quando está violência ocorre de maneira sistemática e repetitiva ela recebe a denominação de bullying. Um termo de origem inglesa, que se refere a atos e atitudes agressivas, que forem executadas de maneira intencional e repetitiva (TORRES, 2011).

Chalita (2008) define bullying como termo derivado do adjetivo inglês bully, que significa pessoa maldosa, cruel, valente e desumana. Fante (2005) considera que bullying é um termo específico que não pode ser confundido com outras manifestações de violência, se refere a um comportamento agressivo, sendo executado de maneira contínua, remetendo a agressividade verbal, física e psicológica. Acaba por atingir o ego de seus envolvidos, tornando as vítimas reféns da ansiedade, fazendo com que sejam pessoas negativas e inseguras, cheias de angústia e raiva.  

Basicamente existem três formas de envolvimento com o bullying, o papel do autor, da vítima e testemunha. O autor é caracterizado como sendo a pessoa que executa o ato de deboche ou humilhação, já a vítima é quem sofre com os atos violentos e a testemunha não tem envolvimento direto com as agressões, porém é quem visualiza o fato, servindo então de testemunha (LOPES NETO, 2007).

Melo (2010) destaca que o bullying pode ser executado de duas formas, direta e indireta. A direta se refere a agressões físicas, como bater, ou então verbais, através de insultos e apelidos, que tem como finalidade constranger a vítima. Já a maneira indireta se dá através de rumores e boatos falsos, os quais acabam por excluir a vítima da sociedade.

A prática do bullying acaba por afetar todos seus envolvidos, sendo que a vítima geralmente é a mais prejudicada. Quando não existem políticas de prevenção, a violência escolar acaba sendo aceita pelas vítimas como um ato normal e aceitável (RUOTTI; ALVES; CUBAS, 2006).

Chalita (2008) diz que o ciberbullying é uma variação do bullying, visto que ocorre na internet através de insultos. Segundo Shaheen (2011), os meios eletrônicos facilitam a execução das formas tradicionais do bullying no ciberespaço, e como se isto não bastasse no ciberespaço são agregados maiores agravantes, como o anonimato e público infinito.

Vasconcelos e Nunes (2015) destacam que nosso país está consciente dos prejuízos que a violência de maneira repetitiva pode trazer a seus envolvidos, por conta disso em novembro do ano passado foi sancionada a lei antibullying, está que trata da violência escolar repetitiva. Nela constam mecanismos e medidas para a conscientização e prevenção da violência escolar. Os principais objetivos da nova lei são promover o respeito com o próximo, além de fazer com que seja estimulada a tolerância mútua e a cidadania. Santos (2014) destaca que a educação oferecida no ambiente escolar é parte importante do desenvolvimento do indivíduo em relação à sociedade, entretanto, essa educação vem sofrendo com atos violentos, dificultando o alcance de uma educação com qualidade.

O objetivo deste estudo foi verificar se os escolares de Santa Cruz do Sul- RS já sofreram algum tipo de violência na escola; identificar as principais formas de agressões e o perfil do agressor; verificar se as vítimas costumam contar aos pais sobre as agressões sofridas na escola.

 

2- METODOLOGIA

 

O presente estudo é caracterizado como sendo uma pesquisa de caráter descritivo-exploratório. Segundo Campos (2001) o tipo de pesquisa descritiva visa interpretar a pesquisa realizada, fazendo uma descrição. Já a pesquisa exploratória para Malhorta (2001) é utilizada com o intuito de explorar um determinado problema, para então compreender o mesmo.

Os sujeitos deste estudo são 588 escolares do 6º ao 9º ano, com idade entre 10 e 17 anos, de diversas escolas situadas no município de Santa Cruz do Sul - RS. Os dados foram coletados através do questionário de Olweus (1993), adaptado por Mayer (2000), sendo apresentados em frequência e percentual.

 

3- RESULTADOS

 

            Através dos resultados obtidos constatou-se que 34,86% dos alunos que participaram da pesquisa já sofreram algum tipo de agressão na escola. Sendo que as principais formas de agressão relatadas foram “Me disseram nomes feios. Disseram coisas de mim e/ou do meu corpo” com 14,11%, (6,80%) “Me bateram, me deram socos e pontapés ou chutes” e 6,63% “Me causaram medo”. Os agressores se caracterizaram como sendo um menino (10,03%) ou então uma menina (7,32%). As vítimas, em sua maioria, não costumam contar aos pais sobre as agressões sofridas (17,34%). 

 

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A partir dos dados encontrados, pode-se concluir que um grande número de escolares diz já ter sofrido algum tipo de agressão na escola, sendo que a principal forma de agressão relatada foi “Me disseram nomes feios. Disseram coisas de mim e/ou do meu corpo”. O agressor se caracteriza principalmente como um menino ou então uma menina, além disso, as vítimas das agressões não costumam contar aos pais sobre as agressões ocorridas na escola.

Precisamos refletir que a violência escolar é um fenômeno perigoso, ainda mais quando se trata de uma violência repetitiva, denominada bullying. Esse fenômeno precisa ser combatido, mas para isso é necessário que toda a comunidade escolar caminhe junto, com o intuito de construir um ambiente saudável, onde todos os indivíduos sejam respeitados, fazendo com que a educação atue na busca da sociabilização.


Palavras-chave


Bullying; Escola; Agressores.

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Referências


CAMPOS, Luis Fernando. Métodos de Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Alínea, 2001.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade. Bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008.

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. São Paulo: Verus, 2005.

LOPES NETO, Aramis Antonio. Diga não ao bullying. Revista Adolescência e Saúde, Rio de Janeiro, v.4, n.3, p. 51-56, jul./set. 2007.

MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

MAYER, Sandra Mara. Comportamento Agressivo em Escolares de 1ª a 8ª série do Ensino Fundamental de Santa Cruz do Sul: uma abordagem através da Teoria dos Sistemas Ecológicos, 2000. 114f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional - Área Sócio Cultural) Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2000.

MELO, Josevaldo Araújo de. Bullying na escola: como identificá-lo, como preveni-lo, como combatê-lo. Recife: EDUPE, 2010.


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