PSICANÁLISE E O FEMININO: MULHERES QUE CARREGAM MULHERES
Resumo
A escrita deste texto tem como prenúncio registrar em palavras as experiências vividas em clínica, a partir do encontro da escuta de mulheres, suas histórias, subjetivações, conflitos, angústias e tudo que perpassa suas histórias. Esta vivência foi realizada ao longo do ano de 2022, na clínica-escola do campus da ULBRA em Santa Maria. Escutar semanalmente mulheres e suas histórias possibilitou uma ampliação de conceitos e realidades, viabilizando uma escuta clínica mais ampliada a partir destes outros que se permitiam ser acolhidos e escutados nesse espaço. Foi então percebendo-se que essas subjetividades são construídas entrelaçadas e transgeracionais, ou seja, mulheres que se inscrevem através de suas gerações, sua ancestralidade, e que por vezes encontram-se em conflito com o diferente, com aquilo que não seria esperado pelas normas, aquilo que suas mães ou o social esperavam que fossem, porém não o eram. Além disso, um aspecto notável dessas clínicas é a percepção do impacto que o processo terapêutico dessas filhas tem em suas mães. Mesmo que estas não estejam em processos semelhantes, assim que as pacientes passam a reconhecer e questionar o impacto dessas relações parentais em suas vidas, ativamente promovendo mudanças que quebram as expectativas de suas mães, estas sentem o impacto do processo terapêutico, uma vez que se deparam com a realidade de que suas filhas são indivíduos autônomos, desejantes, e não apenas extensões de seus pais. Percebe-se necessário tempo de escuta e análise destas histórias, podendo assim ser possível criar novos caminhos para além do desejo do outro.
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