Utilização dos serviços de saúde pelas mulheres vivendo com HIV: enfoque na promoção do acesso

Raquel Einloft Kleinubing, Cristiane Cardoso de Paula, Tassiane Ferreira Langendorf

Resumo


INTRODUÇÃO: o compartilhamento de ações entre os Serviços de Assistência Especializada (SAE) e de Atenção Primária à Saúde (APS) pode auxiliar na melhoria da atenção à saúde de mulheres vivendo com HIV. Isto refletirá na redução da morbimortalidade materna e infantil devido à infecção pelo HIV. Isto implica em superar as barreiras de acesso aos serviços de APS, para sejam reconhecidos como porta de entrada preferencial pelas mulheres com HIV. OBJETIVOS: Desenvolver ações coletivas para promover o acesso, no que tange a utilização dos serviços de saúde, de mulheres com HIV no município de Santa Maria/RS, Brasil. MÉTODO: Pesquisa Participante realizada com mulheres vivendo com HIV; com os profissionais de saúde dos serviços especializados municipal e federal e de APS; e com os gestores responsáveis pelas linhas de cuidado da saúde da mulher e do HIV e aids.  Foram realizadas entrevistas com 14 mulheres com HIV, entre os meses de setembro de 2016 e agosto de 2017; 45 horas de observação participante nos serviços de saúde, no período de junho a agosto de 2017; e quatro encontros do Grupo Focal com profissionais de saúde dos serviços e gestores. Foi realizada análise de conteúdo do tipo temática para produção dos dados. Foram respeitados os aspectos éticos previstos na Resolução 466/12, no qual os dados foram coletados após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria, sob registro CAAE: 26498113.0.0000.5346 parecer: 773483. RESULTADOS: A análise de conteúdo temática relativa a utilização dos serviços de saúde apontou que a mesma se dá a partir da transferência entre os serviços, ou seja, pelas ações de referência e contra referência, mantendo a APS como fonte preferencial de cuidados; por iniciativa da própria mulher, que acessam tanto a APS quanto os serviços especializados de acordo com suas demandas e de acordo com a capacidade que os serviços apresentam na resolução de seus problemas de saúde. Entretanto, os resultados mostraram que somente as demandas não específicas da infecção pelo HIV são acompanhadas pelos profissionais da APS. Além disso, a partir do diagnóstico da infecção pelo HIV ou para o acompanhamento das necessidades de saúde provenientes decorrentes dessa infecção, pode-se dar início a utilização dos serviços. CONCLUSÕES: os resultados apontaram a necessidade de melhorias na APS, tendo em vista que a mesma apresenta potencial para ser a fonte regular e de referência para as mulheres vivendo com HIV, atuando em conjunto com os serviços especializados. Para que haja a articulação em rede e qualificação dos serviços de saúde às mulheres vivendo com HIV, faz-se necessário o investimento em pesquisas que promovam coletivamente ações de melhorias, com vistas a atuar diretamente nas demandas de saúde.


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